quarta-feira, 27 de maio de 2009

Foi..

Foi uma peste. Uma epidemia que assolou e devastou toda a região.
Passamos como se passa quando se tem algo assim. Sentimos o incômodo da morte, o medo de quem seriam os próximos, a angústia do que não tem remédio. Sentimos a morte chegando. Sentimos seu hálito e morremos de pavor.
Aquilo parecia a loucura. Aquilo era loucura.
Todos os meios falharam, menos o da imaginação. Pessoas outras, escolhidas a dedo, salvaram-se da morte. Várias outras morreram.
Nos isolamos uns dos outros. Pois era altamente contagioso.
Na solidão ficamos loucos, cheios de devaneios e mais medos. Olhei a morte de perto. E a olhei em várias situações.
Depois, ficamos tontos, perdidos, com olhos de eternidade sacrificada.
Era a loucura e a morte. Castigo?
Não há mais nada a fazer, a única coisa é rezar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"A justiça é uma aporia: uma experiência que não somos capazes de experimentar; o desejo do impossível; acaba sendo um chamado por justiça."
Derrida

E ai, sobrevivemos?

"ficar parado esperando o tempo é só ficar parado. não é por causa do parado que coisas acontecem, é por causa do movimento."
Aron

E agora? Sumimos? Morremos?



terça-feira, 19 de maio de 2009

Aniversário, Renascimento.

Comemorando o meu aniversário na noite passada, 5 indivíduos, incluindo a aniversariante, sentados tomando um café em uma confeitaria de uma avenida movimentadíssima da Grande Capital do interior, obtem a maior descoberta chegando a conclusão, depois de várias discussões filosóficas e pensamentos profundos alheios, de que o Renascimento ocorreu:
a) minutos antes do nascimento de Jesus, o Cristo, com a Estrela reluzente que brilhou tanto no céu que acabou servindo de guia para os três reis magos chegarem até a manjedoura; e
b) na década de 70 quando houve muita luz, as pessoas andavam e gostavam de tudo que fosse colorido e, finalmente, porque nessa época inventaram a luz de néon.
E ai, com qual das duas você fica? Existe até Livre Arbítrio!!!
rs.. Particularmente, eu prefiro a letra "b".
Renascimento, época das luzez. Não é à toa que...

sábado, 16 de maio de 2009

Nada

"Em aba de chapéu velho só nasce flor taciturna.
Tudo é noite no meu canto.
(Tinha a voz encostada no escuro. Falava putamente.)
Estou sem eternidades.
Não tenho mais cupidez.
Ando cheio de lodo pelas juntas como os velhos navios
naufragados.
Não sirvo mais pra pessoa.
Sou uma ruína concupiscente.
Crescem ortigas sobre meus ombros.
Nascem goteiras por todo canto.
Entram morcegos aranhas gafanhotos na minha alma.
Nos lepramentos dos rebocos dormem baratas torvas.
Falo sem alamares.
Meu olhar tem odor de extinção.
Tenho abandonos por dentro e por fora.
Meu desnome é Antônio Ninguém.
Eu pareço com nada parecido."

Manoel de Barros.

Um bom estado para encerrar 2 décadas!

Boa descoberta mais pontos de exclamação.. rs.
Acabaram-se os dias de pessoa e não me venham com espiritualidades e "pensamentos puros".
Ótimo esvaziamento. Tão, tão vazia que é quase como se o vento batesse e levasse... e podia mesmo levar pra longe, bem longe... não sei pra onde. sei lá pra onde. nem quero também saber pra onde.

E quero também, mas como quero, fazer voltar esse modo de repetição que se faz com a palavra quando se escreve tentando ficar na estrutura sintática das frases do que se é falar e ser entendida ou escrever e se fazer entender como se isso fosse algo importante quando na verdade se trata de mais desconstrução de sentidos que, convenhamos, existem justamente para serem desconstruídos e deixar a ótima sensação de que não se entendeu nada.

?vazio
O nada é

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Gente

"só a descrença total pode trazer alguma solução. só o ceticismo integral pode começar a produzir um mínimo de verdade, criar um sentimento de maior aproximação com o outro ser humano assim mesmo como ele é; quer dizer, a partir do conhecimento de sua crapulice, de sua mentira, de sua quase absoluta incapacidade de corresponder. Acho que já aprendi a conhecer o ser humano que sou eu mesmo.Não adianta toda a minha racionalização e saber que cada palavra de meu interlocutar não corresponde a nada do que ele é. O sentido de humor, que me faz ver sempre falho – me mostra toda a complexidade das relações humanas como uma coisa extraordinariamente engraçada, mesmo quando dramática, mesmo quando odiosa.. pois fora do ser humano a vida não tem enredo. fora do ser humano não há salvação."

Millor

terça-feira, 12 de maio de 2009

Razões e razões se juntando

Saber como a vida é deveria torná-la mais fácil. Deveria deixar as coisas mais simples.
Talvez seja essa a simplicidade, talvez seja isso o que significa ser simples: saber o que é a vida.
A gente já sabe, sempre sabe. Quer dizer, algumas pessoas sempre sabem.
Saber como funciona o mundo. Lembrar que eles são, nós somos, pessoas.
É por isso que cansa, que estou cansada.
Já sei que se é sozinha. Já sei faz tempo, por outros motivos, por outras razões.
Razões e razões que vão se juntando às antigas.
"A gente acaba fazendo o mesmo caminho, Thami." É, é verdade.


Como uma borboleta com o corpo preso por um alfinete. Estou tentando bater as asas, mas todo esforço parece vão.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A realidade, nossa.

"Tudo que temos em comum é a ilusão de estarmos juntos. E contra a ilusão dos remédios lícitos só se ergue a vontade geral de romper o isolamento."
"Produzindo isolamento a organização social contemporânea assina a sua própria sentença de morte."
"Chega um momento em que não existe ilusão do tamanho da nossa angústia."
"O amor, por sua vez, amplia a ilusão da unidade e na maioria das vezes ele é abortado e não passa de significâncias. O medo de refazer a 2 ou 10 o caminho tão igual do isolamento ameaça com seu acorde gelado as sinfonias amorosas."
"O que nos leva ao desespero não é a imensidão dos nossos desejos insatisfeitos, mas a paixão que nasce confrontada com seu vazio. O desejo de conhecer alguém e se apaixonar nasce na angústia e no medo de amar.
A aurora em que os abraços se soltam é semelhante a aurora em que morremos revolucionários sem revolução."

Raoul Vaneigem


Bom começo.