domingo, 26 de setembro de 2010

Seus Planos

tudo no teu sorriso diz
que só lhe falta um pretexto
para seres feliz.

(mário cesariny)


Pois quando você os diz seus olhos brilham sorrindo.

E eu me apaixono ainda mais!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Em que nível a culpa pode me prender?
E em que nível o medo produz a culpa? Ou a culpa produz o medo?
Como eles se alimentam, um do outro? Intensamente?
A culpa não é o medo.
E o medo... vem com a culpa?
Os loucos enlouquecem os sãos.

dia vinte e três de setembro

Os dias são vazios e secos.
Setembro veio sem piedade, cobrar o de agosto que não foi tão triste assim.
E vc... que saudade e vontade de te ver.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nuvens

As nuvens são para não serem vistas. Mesmo um menino sabe, às vezes, desconfiar do estreito caminhozinho por onde a gente tem de ir - beirando entre a paz e a angústia.



Guimarães Rosa

E vi as borboletas

E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.


 
 
Manoel de Barros

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

momento presente

Iremos juntos separados,


as palavras mordidas uma a uma,

taciturnas, cintilantes

- ó meu amor, constelação de bruma,

ombro dos meus braços hesitantes.









Eugénio de Andrade

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Meu Lar

São Paulo.
O céu abafado, pesado, de uma densidade que impede ver as nuvens.
A estrada chegando... os canaviais! O vento frio e uma determinada secura.
Sentir o cheiro dos laranjais... pronto, estou em casa!
É a volta pra casa. É a sensação de estar em casa.
É o meu lar.

É onde eu sou e me sinto parte.
É onde eu gosto de estar, onde é meu lugar.
É uma relação de pertencimento.
Eu pertenço àquele lugar, àquela região, àquele céu abafado, pesado.
É o cheiro dos laranjais que me constroem, que me impulsionam.
Os cheiros dos laranjais que me acalmam e me trazem o melhor de mim, me povoam de lembranças...
Foram eles que me formaram, onde eu me criei e comecei a entender os sentidos do mundo, da vida.

São Paulo é a parte boa, a melhor que carrego comigo.
Meu segredo.
Aquilo que pertence só a mim.
É o melhor de mim, é minha infância e minha juventude.
É o encontro delas com a minha adolescência.
São Paulo é o meu encontro com o mundo, com a diversidade, com a cultura, com a diferença.
Com o que é bom e gostoso.
Minha porta de entrada nesse mundo gigante e maluco, triste e opressor, cansativo e entendiante.

Meus anos felizes, e os mais felizes.
Minha saudade apertada do gosto bom de viver!
E a nostalgia que sempre fica misturada com uma certa tristeza em deixar minha terra, minha casa, meu lar.
Em sair de lá, em voltar.
Como uma obrigação a volta, apenas como algo que deve ser feito.

Hoje é difícil me sentir bem e preenchida em qualquer outro lugar.
Hoje, São Paulo é minha falta.

E como expressou tão bem Caetano...

"Alguma coisa acontece no meu coração..."

domingo, 5 de setembro de 2010

Deixa eu te ver melhor?

"Levantou os olhos, pela primeira vez olhou direto nos olhos dela. Ela também olhava direto nos olhos dele. (...) subitamente muito atentos. Ele pensou: é agora, nesta contramão. Quase falou. Mas ela piscou primeiro. Desviou os olhos...


(...)

-Foi boa aquela noite, não foi?
-Foi - ela concordou. - Tão boa, parecia filme. - Estendeu a mão por sobre a mesa, quase tocou na mão dele. Ele abriu os dedos, certa ânsia. Saudade, saudade. ..."




Caio Fernando de Abreu

Amigos - esses são meus amigos - amo vocês!

Descobri no outro dia que há um limite de amigos no facebook: 5000. Na vida real, felizmente, são muito menos. Talvez entre 6 a 10 amigos. Para quem tiver dúvidas sobre o número exacto, nada melhor do que começar por fazer algumas perguntas, cuja resposta tem como exigência ser apenas um número. Daqueles a quem chamamos amigos, quantos nos iriam buscar à China? Quantos se levantariam de noite para levar o nosso gato ao hospital veterinário? Quantos ficariam com os olhos a brilhar se nos avistassem ao longe? Quantos conseguiriam adivinhar o nosso pensamento antes de nós? E quantos nos emprestariam dinheiro e fingiriam ter-se esquecido disso? Com quantos poderíamos partilhar um segredo e saber que ele continuaria a ser isso mesmo, um segredo? Quantos nos visitariam no hospital? (a pergunta deve ser feita com vários exemplos de doenças, que necessariamente terão respostas diferentes). Quantos teriam paciência para ouvir o nosso coração despedaçado ao telefone durante várias horas, a repetir os mesmos pedaços de frases? Quantos esperariam uma hora e meia por nós com um sorriso no rosto? Quantos se preocupariam realmente em saber se tinhamos chegado bem a casa, depois de um encontro? Com quantos poderíamos estar uma hora em eloquente silêncio? E finalmente, uma pergunta noutro tempo verbal: quantos irão ao nosso funeral?



Texto - que traduz o que é amizade pra mim - de Maria João Freitas