segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ezra Pound

"Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade."



Envoi



Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz
Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.


Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.


*Obs: foi lindo o jogo de hoje!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A água

 ... nunca discute com seus obstáculos, simplesmente os contorna.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

As coisas poderiam ser de outro jeito - continuar, mesmo que menos.

"Podemos pensar que as coisas podiam ter sido de outra forma porque as coisas podem ser sempre de outra forma. (...) ...Mas não adianta pensar nisso agora. Todos fizémos o que achámos que deveríamos fazer. Temos de seguir em frente. A hora é para continuar, não para remoer doentiamente em chão mais do que pisado. Vamos continuar. Mesmo que mais pequenos e mais solitários." - Pedro Meixa, 08 jun 2003.

São as palavras de Pedro Meixa sobre os últimos acontecimentos antes de acabar o blogger. E em situações desagradáveis é sempre isso mesmo que se pensa. Com finais contrários à nossa vontade é pensar no que poderia ter sido feito, pensar em outras saídas perfeitas que nos faz "remoer doentemente em chão mais do que pisado."
O "[m]esmo que mais pequenos e mais solitários." é varrido pelo "[v]amos continuar". Não há o que se fazer, apenas continuar. Não há o que se pensar ou lamentar, continuar, pois o tempo não pára.
Continua-se, então, com o menos, com a perda, com a falta, com o vazio do que falta. Isso é continuar: conviver com o menos.
Mas, por que essa angústia por um mais que se foi e que faz falta? O mais, nesse caso, não deixa um vazio? Bem, o que é vazio agora indica que era um cheio outrora. E cheio, perda, vazio, tem algo a ver com plenitude.
Então, por que ser pleno?