sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Cactos I - II - III

Às vezes me sinto fraca. Me dá vertigem. Vontade de cair. Como um atordoamento. E então, giro em torno da minha própria fraqueza e tomo toda consciência dela, sem oferecer resistência pois quero me abandonar.
Nessas vezes é difícil suportar o menor incidente, por mais insignificante que ele seja. Por mais estúpido que possa ser a reação de reagir a ele. É nessas horas que perco a força.
Fala entre-cortada por pausas. Insistentes pausas atrozes que, talvez, para olhos mais atentos revelam alguma humilhação e obrigação. São pausas desconexas que contam o horror de ser fraca diante de uma força superior que empurra para baixo e fecha as saídas.
Longos silêncios necessários para que eu recobre o fôlego diante de uma força maior, opressora. Meus silêncios em que não consigo respirar. Silêncio que me dispersa e furtivamente escapo querendo encher de ar meus pulmões.
Fraca, diante de uma força superior. Vertigem. Atordoamento. Vou cair, quero cair. Não posso, não é assim que desejam que seja. Forçosamente me mantenho em pé. Continue andando. Lentamente, entre um passo e outro do que querem há um titubeio e os pés indicam outro caminho. Corrige, volta. São também meus momentos furtivos de uma fuga mal planejada, ou uma tentativa agoniante, mas quietinha, de tirar o peso que colocam.
É só um pouco de ar...

Sob o sol, à luz do dia as coisas se encaixam e parece tudo voltar ao normal.
Ao fechar os olhos pra dormir, tudo errado. Está tudo errado e fora do lugar. Não dará tempo, não tem saída, o fim é um retorno constante.
Retorno sempre.
Como a beleza. O belo sempre retorna em sonhos, imagens, lembranças, gostos...
Belo.
Um oásis onde mergulho. É um jogo de estética e imaginação que preenche os cantos da minha vida. Que puxa minha alma para fora e me faz sentir plena, cheia. É do belo que preciso para deixar que minha alma invada sempre meu corpo e o envolva em um encantamento mágico.
Beleza que me enche de vida, que me resgata a alma encolhida ainda, fazendo-a percorrer pelo meu corpo em frações de segundos para sair pelos poros. É o belo que me liberta da angústia e que renova meu desejo de viver.
Arte.
É ai que encontro o belo. A maneira que acho de expressar beleza. Me encanto com o belo, a beleza do céu, do mar, da flor. Arte abre espaço pra que eu possa expressar beleza e participar desse movimento.





Um encontro apoiado sobre um erro.
Mas de quem era a culpa? Poderia sair alguém culpado daquilo?
A culpa não partia do encontro, tanto é que muito amor existiu. Não partia dessas pessoas, de seus comportamentos e nem dos sentimentos que transitavam dos fatos externos.

"O acaso tem mágicas, a necessidade não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se juntem desde o primeiro instante, como os passarinhos sobre os ombros de São Francisco de Assis."

O cotidiano está repleto de acasos geralmente não percebidos. Não há como medir esse tipo de escolha porque no amor não há a exatidão de uma certeza, ou termos de comparação. No amor tudo se vive pela primeira vez. E sem preparação.
É esse momento em que "pássaros do acaso" pousam em nossos ombros. Os olhos podem até marear-se, mas de uma infinita felicidade, transbordante.

Pousaram os pássaros e você se tornou inesquecível. Saudade. Acho que é por isso. Um amor tão belo e nascido do pouso dos pássaros em nossos ombros. Foi a força desse acaso que me deu coragem para mudar. E até agora estou impregnada por seu brilho. Que brilha e não me deixa esquecer.
Acasos. Beleza. Amor.
Memória. Retorno.
Volto sempre a esse amor. Recente? Talvez nunca saí. Não sei se todo o amor imenso que sinto vem apenas daí. Mas chego quase a achar que sim.

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