terça-feira, 27 de outubro de 2009

Que guapa, niña!

Quem imaginaria sua aparição, ainda mais naquelas circunstâncias: uma tarde de terça cansada com nuvens anunciando chuva e folhas secas que não paravam de voar ao nosso redor. rs.. coisa boa.
Foi assim semana passada.
Você chegou falando, falando baixo, mas falando. Fiquei a princípio inerte te olhando, um tanto assustada com você ali, na minha frente falando comigo. Essas coisas me assustam, quando pessoas chegam do nada, te vêem fazendo algo de forma alheia ao "em volta", para em seguida tirar toda sua concentração exigindo a sua atenção para algo totalmente diferente. Pessoas fora do contexto - seu - e que também não querem entrar - nele. Invés disso, trazem um contexto totalmente novo que chega até a te desnortear.
Foi assim que me senti: um desnorteio só com toda a sua falação!
Mas, olhei ao redor, via as folhas que você acompanhava com o vento, vi você sorrindo e me senti tão bem! Como se já estivesse ali conversando com você por horas, mesmo quando era você quem falava mais. Eu geralmente sorria.
Passado o choque a conversa fluiu, e agora ríamos juntas como se toda a graça do mundo estivesse ali também, naquele mesmo momento.
Quem via ficava olhando. Uma mulher achou interessante, de certo, e se aproximou ameaçando um sorriso. Talvez fosse contagioso esse momento ou talvez ela quisesse se contagiar pelos nossos sorrisos.
Ela perguntou se éramos irmãs, ao que respondemos juntas, "amigas". Tão espontânea resposta que pareceu a coisa mais certa do mundo.
E ela continuou, "o cabelo, os olhos, o jeito e a conversa tranquila... não parece não serem irmãs." Conversou um pouco e depois saiu. Você disse e riu em seguida, "você é igual a mim".
É, olhos pequenos, cabelos cacheados, mesma tonalidade de pele e cabelo, ... E como tomada por uma curiosidade i-medida você se aproxima e pega no meu cabelo. Talvez fosse engraçado ver outros cachos tão parecidos.

- - -

De novo, em uma tarde goianiense e agora muito quente, você aparece lá de longe. Fica lá, olhando. Eu nem tinha te visto ainda.
Naquele calor quase insuportável, o sol ardia sem piedade. Eu toda suja, você toda limpa. E o mesmo sol parecia mais suave perto de ti. Dava vontade de participar daquela suavidade.
Foi bom, a semana que passou, mas confesso que de ti nem recordava até... até hoje. Uma nova semana e você de novo me olhando. Dessa vez deu tchau de longe. Eu fazia muito barulho e poeira, e você toda de branco sorrindo.
Com toda aquela poeira podia sujar seu vestido!
Hoje, os cabelos soltos, cachos tentando acompanhar o vento, e você de longe olhando como se perguntasse como chegar mais perto.
Pronto. Parei de fazer poeira e barulho, e quando levanto a cabeça você já está a menos de um metro! O susto foi menor, acho que me acostumei com o seu jeito sorrateiro de se aproximar.
Você de cima sorriu: "Quanto barulho! Dá para ouvir desde longe." "É, mas agora parou. Ficou só a poeira, que ainda tenho que fazer."
Só um pouco mais calada, ficou olhando o que eu fazia e vendo minha concentração. Na verdade, acho que percebeu que eu queria terminar logo pois, esperta como sempre, já disse de pronto: "É o mesmo de semana passada, mas agora você já está terminando."
Uh, que alívio! Realmente estava.
Sabendo que você ia falar mais que eu, continuei. E você percebeu que eu queria, mas que eu não podia falar tanto. Tinha que terminar.
Então, silenciosa, passou pela minha frente e sentou-se do meu lado. Disse, "Assim você pode me ouvir e terminar." Graciosa. Sorri.
Hoje você queria mais me ouvir, que falar.

Radiante, você aparece mais uma vez para salvar minha tarde de terça e me impregnar de uma razão simples de existir: sorrir.
Você acalma as coisas. Me faz pensar que elas estão onde deveriam estar. Que elas seguem seu rumo e que este, por sinal, deve ser seu rumo certo.
O "adeus" da semana passada pensei ser mesmo pra qualquer dia que provavelmente não chegasse. Mas você apareceu novamente e olhou onde eu estava, esperando que ali eu estivesse.
Faz sentido o que senti hoje de novo. Foi uma felicidade te ver sorrindo e acenando de longe. E você veio, sentou ao meu lado e ali ficou.
Não foi só o sol que ficou mais suave com a sua presença. Tudo ao redor, quando você se aproximou, todo aquele momento, e eu: suaves.
E assim eu estou até agora.

Ainda estou rindo sozinha... Só você mesmo pra falar o cubano que não é espanhol.
Queria ter dito hoje como estava bonita, "Que guapa!!" !
Você entenderia? esse espanhol que não é cubano... rs, niña?

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